A busca por pets pouco convencionais aumenta no Brasil: de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 2,3 milhões de répteis de estimação e pequenos mamíferos em lares do país, o que representa o crescimento de 6,1% entre 2013 e 2018. Uma das opções mais queridas entre os brasileiros são as tartarugas e especialistas recomendam cuidados especiais para a manutenção desses animais.
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Como explica o coordenador da clínica-escola de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, professor Antônio Mataresio Antonucci, há três grupos de Quelônios: as tartarugas (marinhas), os jabutis (terrestres) e os cágados (semiaquáticos de água doce), sendo apenas os dois últimos permitidos por lei para como animal de estimação — o trio têm expectativa de vida que pode ultrapassar os 50 anos. “O tutor precisa ter em mente o compromisso de estar com o seu bichinho em longo prazo. Com a atenção à saúde adequada, algumas espécies podem chegar até 100 anos”, completa.
AMBIENTE
Os jabutis são criaturas completamente terrestres, com casco alto e patas grandes (chamadas de “patas de elefante”), e podem se adaptar a áreas externas, como a de quintal e jardins com facilidade. No caso de apartamentos, é necessário investir em um terrário, uma vez que o ambiente interno sozinho não permite o bem-estar completo desses pets. O piso de azulejo liso, por exemplo, faz com que haja um esforço desnecessários das pernas e pode ocasionar problemas com o tempo. Também é indispensável um cocho seco para alimentação, um bebedouro e uma toca para sua proteção.
As tartarugas e cágados têm características hidrodinâmicas e precisam ter contato constante com a água. Para isso, é preciso providenciar um aquário ou um tanque grande, pois esses animais crescem bastante até a fase adulta. É preciso de espaço o suficiente para natação (pelo menos, dois terços da área total) e aquecimento artificial para os dias frios (recomendado deixar a temperatura entre 25 ºC e 30 ºC).
As tartarugas são aquáticas (criaturas marinhas) e só saem do mar para a desova (apenas as fêmeas). Os cágados, que podem ser cuidados em casa, saem da água periodicamente para tomar sol e se aquecer — a água é importante para estes animais pois é lá que eles se protegem, se alimentam e fazem suas necessidades.
LIMPEZA
Para permitir a qualidade de vida desses pets, a limpeza do espaço deve ser feita com a periodicidade mínima de um mês ou conforme necessário — quanto maior os animais e quanto mais espécies viverem juntas, maior a necessidade de higienização. O acúmulo de fezes e restos de comida podem provocar doenças, tanto para os humanos quanto para os répteis. No caso dos aquários, é recomendado um sistema de filtragem. Os desinfetantes devem ser utilizados apenas com a autorização de um médico veterinário.
Os animais podem ser limpos com água corrente, mensalmente, em temperatura média de 20 ºC. Em dias frios não é recomendado banhos e o tutor deve tomar cuidado ao secar os jabutis.
ALIMENTAÇÃO
Os jabutis têm sua dieta é baseada em frutas, legumes e verduras ou rações recomendadas por um profissional especializado — algumas espécies podem necessitar de proteína animal em quantidades reduzidas na alimentação e o recomendado é procurar a orientação de um médico veterinário. Cágados e tartarugas não são herbívoros e podem consumir minhocas, crustáceos, moluscos e pequenos peixes — o alimento deve ser depositado na área alagada do terrário, o que aumenta a importância da filtragem dos tanques.
AUTORIZAÇÃO
Os tutores devem verificar se os criadouros dispõem da documentação necessária, como certificados de nascimento entre outros, antes de adotar ou comprar seus bichinhos. É necessária uma autorização feita pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) para possuir répteis, para garantir que não foram retirados do meio ambiente de maneira ilícita. A infração é passível de multa e, em alguns casos, prisão.
“Importante saber que o criatório deve ser legalizado junto ao Ibama em casos de animais da fauna silvestre. Existem espécies de répteis exóticos que são comercializados no Brasil e que, mesmo assim, precisam ter nota fiscal e seu registro junto aos órgãos governamentais”, completa o professor Antonucci.